quarta-feira, 19 de setembro de 2012

FRONTEIRAS ENTRE POVOS


De repente durante nossa viagem a Petra surgiu uma oportunidade de fazer uma excursão de um dia à Jerusalém. Deveríamos acordar às cinco e meia da manhã e chegaríamos de volta ao hotel às nove da noite. Em um dia conheceríamos a cidade que é alvo de disputa entre islâmicos, judeus e cristãos, que desde 1967 está sob controle do estado de Israel. O território berço das principais religiões monoteístas que se tornou palco de disputas nada religiosas, onde se respira o ar da convivência forçada e nem um pouco solidária entre semelhantes.

Espaço de separações e discriminação. Logo, ao chegarmos à fronteira israelense uma das pessoas que estava na excursão, natural de Bilbao, com passaporte espanhol, foi apartado do grupo para investigação adicional. Sabe como é, né, o cara é Basco, vai que... Será isso um sinal de discriminação? Na volta aconteceu a mesma coisa com nossa guia que apesar de ter carteira de identidade israelense, foi apartada por mais de vinte minutos, por ser costa-riquenha, de pai árabe, casada com árabe nascido em Jerusalém. Parece que isto faz parte da rotina e já é considerado “normal”.

Chama a atenção casais tradicionalistas de ambas as partes estarem acompanhados de várias crianças em escadinha. Querem muitas crianças para garantir suas tribos. A guia nos explicou ainda que se duas pessoas de religiões diferentes quiserem se casar, têm de ir ao exterior, pois não permitem casamentos mistos. Vai que a miscigenação acabe com a loucura milenar.

Mas, Jerusalém é muito mais que isto, afinal é um patrimônio histórico da humanidade, que possui milhares de anos que abriga ruínas e achados arqueológicos misturados a muitas lendas e papos-furados vendidos aos turistas que de todo mundo acorrem para ela a fim de visitar a Terra Santa. Há muita fé na face de muitas pessoas que vão para Jerusalém visitar os lugares que reforçam suas crenças e animam suas espiritualidades. Observam-se também atitudes de afirmação e disputa entre grupos. Não se pode, por exemplo, atualmente, visitar a mesquita central da cidade - Al Aqsa - devido a conflitos recentes entre judeus e muçulmanos. Pelo jeito predomina a doutrina da tolerância zero. Lamentável.

Uma visita a Jerusalém merece vários dias e deve-se evitar excursões do tipo “day trip”, que é muito cansativa e termina por não permitir que se visite com calma os diferentes lugares, e que se possa conhecer melhor tanto a cidade antiga quanto a moderna (atual), assim como as pessoas que lá vivem.

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