domingo, 30 de setembro de 2012

ENTRE GATOS, MINARETES, BURCAS E PROLES



Viajar por estas bandas da Turquia e do Oriente Médio onde a maioria da população é muçulmana faz-nos rapidamente acostumar a ouvir o chamamento às orações realizado pelos almuadens, com seus alto falantes em volume elevado. Não há um conjunto de casas que não tenha uma Mesquita, estas dominam a paisagem das cidades e dos campos. Em Istambul dizem que há mais mil mesquitas. Ao invés de igrejas com suas torres e cruzes, vemos mesquitas com minaretes e com crescentes. No lugar do som dos sinos ouve-se o estridente anúncio das rezas, cinco vezes ao dia, começando antes do raiar do Sol. Por estas bandas, a Cruz Vermelha chama-se Crescente Vermelho.

A maioria das mulheres veste-se segundo o padrão de que os braços, pernas e cabeça devem estar sempre cobertos. As mais jovens em grande parte usam vestes negras e várias usam burka, ficando à mostra apenas os olhos, impecavelmente maquiados com sobrancelhas cuidadas. Se ainda fossem freiras...

Ao contrário, a população islâmica cresce para gáudio dos imãs e suas mesquitas. Os pais, homens sérios, com mulheres usando burka e uma escadinha de crianças. “Crescei e multiplicai-vos e dominai a Terra”. Não são apenas os árabes e israelitas que agem assim, como pudemos constatar na Jordânia, Líbano e Israel. Os turcos também.

Quem parece querer competir com os humanos são os gatos. Nunca vimos tantos gatos pelas ruas, avenidas, restaurantes, bares, lojas, em todo lugar. Quase sempre bem cuidados, os gatos turcos são gordinhos e saudáveis. O mesmo não podemos dizer dos gatos da Jordânia, sempre esquálidos e magricelas.

Não vimos churrasquinho de gato, apenas castanhas torradas e milhos assados.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BEIRUTE - DA GUERRA À PAZ

De repente, estávamos à vontade, os motoristas fazendo bandalhas de deixar complexado qualquer motorista de taxi do Rio de Janeiro, as ultrapassagens de todos os modos, contramão é uma mera formalidade e os sinais vermelhos são apenas decorativos. Esta é Beirute cheia de carros de luxo, onde se assiste Ferraris vermelhas circulando entre Mercedes, Maserattis, Audis, Porches e sei mais lá o quê.

Como na Jordânia e na Turquia os investimentos imobiliários a todo vapor. Parece que estamos na era da construção civil. Peço socorro, por favor, chamem arquitetos, urbanistas, ambientalistas, engenheiros e artistas plásticos depressa, porque só querem construir em todo lugar sem pensar em mais nada. O horror se espalha por todos os cantos do planeta, querem colocar toda a humanidade dentro de caixotes de cimento. Help!

A cidade ainda mostra as marcas das batalhas de rua havidas na guerra civil entre cristãos e muçulmanos durante os anos setenta e oitenta do século passado. Veem-se muitas marcas de tiros em edifícios públicos e particulares; muitos prédios semidestruídos e abandonados. Morreram cerca de 250 mil pessoas. A maioria dos sobreviventes chora até hoje a morte de amigos, colegas ou familiares. Inacreditável que o Líbano um país de alto nível cultural tenha passado recentemente por tais horrores. Ainda persiste em muitos o receio de visitar o país por causa da memória desta guerra fratricida.

O centro de Beirute, em tudo chic, permanece quase vazio de turistas, sobretudo nestes tempos de lutas sangrentas no país vizinho, a Síria. Beirute, a cidade capital do Líbano, um dia chamado de Suíça do Oriente Médio, hoje se encontra em meio a um processo de reconstrução, cujo dinamismo começa a deixar para trás o sofrimento daqueles anos de pesadelo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

FRONTEIRAS ENTRE POVOS


De repente durante nossa viagem a Petra surgiu uma oportunidade de fazer uma excursão de um dia à Jerusalém. Deveríamos acordar às cinco e meia da manhã e chegaríamos de volta ao hotel às nove da noite. Em um dia conheceríamos a cidade que é alvo de disputa entre islâmicos, judeus e cristãos, que desde 1967 está sob controle do estado de Israel. O território berço das principais religiões monoteístas que se tornou palco de disputas nada religiosas, onde se respira o ar da convivência forçada e nem um pouco solidária entre semelhantes.

Espaço de separações e discriminação. Logo, ao chegarmos à fronteira israelense uma das pessoas que estava na excursão, natural de Bilbao, com passaporte espanhol, foi apartado do grupo para investigação adicional. Sabe como é, né, o cara é Basco, vai que... Será isso um sinal de discriminação? Na volta aconteceu a mesma coisa com nossa guia que apesar de ter carteira de identidade israelense, foi apartada por mais de vinte minutos, por ser costa-riquenha, de pai árabe, casada com árabe nascido em Jerusalém. Parece que isto faz parte da rotina e já é considerado “normal”.

Chama a atenção casais tradicionalistas de ambas as partes estarem acompanhados de várias crianças em escadinha. Querem muitas crianças para garantir suas tribos. A guia nos explicou ainda que se duas pessoas de religiões diferentes quiserem se casar, têm de ir ao exterior, pois não permitem casamentos mistos. Vai que a miscigenação acabe com a loucura milenar.

Mas, Jerusalém é muito mais que isto, afinal é um patrimônio histórico da humanidade, que possui milhares de anos que abriga ruínas e achados arqueológicos misturados a muitas lendas e papos-furados vendidos aos turistas que de todo mundo acorrem para ela a fim de visitar a Terra Santa. Há muita fé na face de muitas pessoas que vão para Jerusalém visitar os lugares que reforçam suas crenças e animam suas espiritualidades. Observam-se também atitudes de afirmação e disputa entre grupos. Não se pode, por exemplo, atualmente, visitar a mesquita central da cidade - Al Aqsa - devido a conflitos recentes entre judeus e muçulmanos. Pelo jeito predomina a doutrina da tolerância zero. Lamentável.

Uma visita a Jerusalém merece vários dias e deve-se evitar excursões do tipo “day trip”, que é muito cansativa e termina por não permitir que se visite com calma os diferentes lugares, e que se possa conhecer melhor tanto a cidade antiga quanto a moderna (atual), assim como as pessoas que lá vivem.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MOSCAS NO DESERTO

Até agora não vimos uma gota de chuva. Tudo, tudo muito árido. Porém, moscas sim, estas sempre a nos acompanhar, a importunar. Não tenho explicação, talvez, os dromedários e camelos possam dizer alguma coisa. Olha não se assustem, afinal não são tantas assim, apenas algumas muito chatas.

O interior da Jordânia tem a mostrar Petra, que realmente é muito bonita, pois além de seu significado histórico, apresenta um ambiente natural, onde o vento e as chuvas esculpiram as formas mais diversas e de modo exuberante, permitindo ao visitante boquiaberto viagens pela imaginação. Petra é um sítio arqueológico que abrigou os Nabateos, cujos túmulos grandiosos compõem com o cenário natural uma das principais atrações turísticas da Região e que atrai milhares de pessoas todos os anos.

Um passeio ao mar Morto, com seus spas e balneários para aproveitar a fama curativa de suas águas e terras é programa quase obrigatório a quem viaja para cá. O mar Morto deveria se chamar mar Salmoura devido à quantidade absurda de concentração de sal em suas águas. Efetivamente é impossível afundar nelas, apenas boia-se. Marquei bobeira e mergulhei. Saí cego das águas, com os olhos ardendo e gosto amargo na boca: desesperante! O mar é morto porque não há seres vivos nele, nem bacalhau.

Chama muita atenção a quem visita a Jordânia atual o ritmo das construções que se espalham por todo o país: estradas, viadutos, casas e edifícios: é um país em obras. Foi-nos dito que há atualmente um enorme movimento de capitais voltados aos empreendimentos imobiliários e a decorrente especulação nos preços de casas e apartamentos. Há uma enorme mudança na paisagem arquitetônica das cidades, em particular na capital Amã: uma cidade de aspecto ocidental, dito moderno. A presença de mesquitas por todos os cantos e a maneira de vestir da mulher mulçumana, com seus lenços a cobrir as cabeças e seus longos vestidos pretos, é que nos faz sentir no Oriente Médio, de predominante tradição árabe.

Antes de viajar ouvimos muitos comentários de que só pirados viajam para cá. Em estando aqui, o dia à dia das cidades é muito calmo e pode-se passear em segurança, até porque os tanques e militares armados que não apresentam expressão tensa fazem a proteção das estradas e ruas das cidades.

É um povo cordial que tem uma culinária especial e que sabem muito bem a arte de cozinhar: deviam exportar “chefs” para todos os cantos.

domingo, 2 de setembro de 2012

CHEGANDO À JORDÂNIA


Hoje de manhã passeamos pelo centro de Amã, capital da Jordânia, cidade de cor clara, pois todas as construções são revestidas por uma pedra local de cor areia ou bege claro. Trata-se de obrigação legal, estabelecida pela prefeitura da cidade.

Quem conhece o Saara no Rio de Janeiro, com sua variedade de tendinhas, lojas e todos os tipos de produtos à venda vai entender o que vou escrever: O centro de Amã é um Saara multiplicado por não sei quantas vezes, com a diferença que as mulheres com seus quadris largos vestem roupas longas, frequentemente de cor preta, e têm a cabeça coberta por lenços, estes de cores variadas. As burcas, escondendo o rosto, deixando apenas os olhos (sempre maquiados) à mostra, estavam sendo usadas por raras mulheres, que provavelmente têm maridos muito ciumentos o que atiça ainda mais a curiosidade.

Amã, a primeira vista é uma cidade afável, porém de cara tradicionalista. Amanhã, dia 03 de setembro vamos à Petra. O roteiro passa por Madaba, Nebo, Kerak. Em Madaba, região produtora de vinhos, visitaremos a igreja ortodoxa de São Jorge, onde se encontra o primeiro mapa mosaico da Palestina; em continuação iremos ao monte Nebo para admirar a vista panorâmica do vale do Jordão e do Mar Morto, após vamos a Kerak visitar uma fortaleza das Cruzadas e depois chegaremos a Petra, onde pernoitaremos. Depois contaremos a visita a Petra.