quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Uruguay


Terminamos nosso giro pelo Uruguai em Punta del Diablo. Os contrastes foram aparecendo. Do luxo de Punta del Leste para a simplicidade de uma vila de pescadores que está se transformando em um novo balneário. O lugar tem praias e dunas e nos dias que passamos por lá, muito vento; o pessoal destas bandas parece estar adaptado as circunstancias e não deixa de curtir por esses detalhes…
Visitamos também Cabo Polônio e a Fortaleza Santa Tereza. O cabo é um barato, chega-se somente de auto 4×4 por estradas de areia em meio a dunas, lugar do tipo woodstock não acabou ou área de preservação de bicho grilo. Já a fortaleza, construída em inícios do século XVIII, está super conservada, rodeada por um parque onde se pode acampar embaixo das árvores, com estrutura de camping. Pode-se acessar algumas praias de boas ondas o que atrai surfistas de vários lugares.
O Uruguai é um país que cativa aos poucos quem o visita devido, principalmente, a cordialidade de seu povo. Desde Rivera, ao lado de Santana do Livramento, onde iniciamos o nosso giro pudemos sentir como se tratam reciprocamente brasileiros e uruguaios. Pelo interior pegando suas estradas, bem conservadas, pudemos ver enormes descampados com diversas fazendas de pecuária extensiva.
Colônia do Sacramento, fundada pelos portugueses, é uma peça da historia da América Latina, das questões entre os impérios português e espanhol que começa a nos ensinar o que é o Uruguai. O centro histórico da cidade de Montevidéu, fundada pelos espanhóis, idem.
Punta del Este nos mostrou a importância da indústria do turismo numa economia que vive da exportação de carne e lã. A opulência de um dos balneários vips do mundo contrastando com a simplicidade decente do resto do país. Os pequenos lugares do litoral sendo descobertos pelos viajantes e mostrando as marcas da presença recente de turistas. Enfim é o progresso…
Temos mais semelhanças do que diferenças, nos sentimos em casa ao dar a volta na banda oriental ou na cisplatina, hoje Uruguay.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Casapueblo -– Punta del este


Pena que não tenhamos avistado a Dom Carlos Páez Vilaró, nem sequer para um aceno a distância. Mas, de qualquer modo, muchas gracias por nos receber em meio a instalação dos seus sonhos: a casapueblo construída na Punta Ballena, encima do morro, voltada para as praias do Rio da Prata e para o poente onde todos os dias o céu se colore de vermelho e dá-se a apoteose do astro rei a se mostrar como uma imensa bola de fogo.
Não é nada trivial um museu de arte aonde ainda vive seu autor, que este ano completará oitenta e cinco anos em plena atividade de produção artística; podem ser vistas várias telas datadas e assinadas de 2008.
Quando se adentra a casa-museu, vai se descobrindo um ambiente diferenciado, o do mundo das artes plásticas do começo do século vinte. Quem terá sido o arquiteto desta obra, talvez transplantada de alguma ilha grega? Por acaso Gaudi esteve por essas bandas? ou terá sido Picasso o inspirador do artista? E mestre Dali também terá dado palpites?
De concreto, uma construção chocantemente bela na qual se fica boquiaberto a admirá-la.
Estamos na casa de um grande artista, talvez um dos últimos de sua geração, que a divide com os outros através de um museu e de um hotel, construídos dentro do mesmo conjunto arquitetônico.
Sua obra construída por suas próprias mãos e de alguns amigos pescadores, inspirada na forma dos fornos de assar pães. Há nela uma infinidade de detalhes que se descobrem aos poucos em todos os cantos a que se dirija o olhar.
Há também duas salas, aonde estão expostos diversos quadros do autor em diferentes épocas de sua criação. Perguntado se estavam a venda foi-nos dito singelamente que sim, em média por cinqüenta mil dólares cada, portanto duas salitas com mais de um milhão de dólares nas paredes e sem qualquer segurança aparente.
A casapueblo em muito aumenta o charme da famosa punta del leste no Uruguay, que desde criança ouvíamos falar: como um lugar de luxo, com cassinos e espetáculos de artistas famosos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Montevideo


Cidades que já tiveram seus momentos de glória, após passarem por períodos prolongados de crises políticas e econômicas, com ou sem guerras, apresentam cicatrizes e mostram as marcas do apogeu e do declínio. Os prédios construídos nos bons tempos que embelezavam suas ruas e praças mostram-se decadentes, caindo aos pedaços. O centro histórico que fora orgulho da cidade fica deserto nos fins de semana a abrigar miseráveis e mendigos a pedir esmolas a turistas e eventuais passantes. Muitas cidades do mundo conviveram e convivem com esta difícil realidade.
Porém, o tempo não para, as famílias passam a vender o que possuíam, a leiloar seus bens, suas obras de arte e até objetos pessoais, como fotografias e correspondências antigas. Passam a vender de tudo para tentar escapar a miséria. É o que encontramos nos antiquários, nos mercados das pulgas, nos brechós, nos alfarrabistas, nos sebos, a venderem todo tipo de objeto que significavam valor no passado e por diversos caminhos chegaram as ruas como a sinalizar que novos tempos virão, que é necessário restaurar as diversas construções antigas, dar-lhes novos usos.
Os bares, os restaurantes, as mesas nas ruas, os músicos, as festas populares, os vendedores de bugigangas, os turistas com suas inúmeras câmeras fotográficas a fazer perguntas singelas sobre tudo o que vêem aparecem em todas as cidades e através da vida noturna os centros ganham nova vida. Ou seja: a solução do problemas das grandes cidades está no lazer e na boemia.
O que isso tem a ver com Montevidéu? Tudo.
É uma daquelas cidades que quanto mais você caminha por ela mais detalhes dela lhe são revelados. Uma cidade com tradição e vida próprias, com orgulho de si mesma.
Ao mesmo tempo moderna com belos parques e bairros, com um centro comercial agitado, ao mesmo tempo antiga, com seus edifícios históricos, seus cantos e encantos, e com livrarias que são um misto de biblioteca e lugar de leitura, onde se pode comprar livros. Há alguns volumes que se pensa perguntar se estão a venda ou são apenas para consulta.
Alem disso o Carnaval em Montevidéu dura quarenta dias a partir do final de janeiro, com muita murga (música satírica apresentada por grupos fantasiados) e candombe (batuques afro-uruguaios que percorrem as ruas) e, se não bastasse, eles querem para si a gloria de terem sido os inventores do tango.
“Volte sempre” faz sentido quando se refere a Montevidéu, pois fica no viajante aquela vontade de continuar a caminhar por suas ruas, pelo porto, pela rambla a beira rio, e se gostares de mate, senta e toma que não estarás sozinho.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Lá pelo fim do mundo


Vários cantos do planeta já se apresentaram como o lugar onde Judas perdeu suas botas. Finis Terrae, Finlândia, Cú do Mundo, e outros… Em diferentes épocas e lugares, alguns, por desconhecimento ou deboche outros em busca de charme perseguem o status de fim do mundo em um planeta desde algum tempo considerado esférico.
Ushuaia é uma cidade portuária situada as margens do Canal de Beagle, no extremo sul da América Latina, que ostenta com orgulho o título de “fim do mundo” por ser a última antes do continente antártico (embora haja uma vila no outro do canal pertencente ao Chile que está um pouco mais a sul chamada de Porto Willians). Isto não interessa a eles. A cidade do fim do mundo é Ushuaia, em território argentino e estamos conversados.
Ela tem motivos para ter orgulho de si, pois fica numa pequena baía circundada por montes nevados, ponta sul das Cordilheiras dos Andes, com muita beleza natural. No verão faz calor e o tempo muda a todo momento e no inverno se cobre de neve transformando-se em estação para esportes de frio.
Nos últimos trinta anos, sua população passou de cinco mil para setenta mil habitantes e hoje apresenta muito movimento que vai alem do turismo, que por sinal atrai pessoas de todos os cantos do globo.
Ushuaia é legal no verão, mas deve ser muito mais bonita coberta de neve.
O que de certo podemos atestar é que nesta época de globalização o comércio e suas grifes já chegaram ao fim do mundo com eletrônicos e perfumes e que o aeroporto de lá recebe jatos de todos os tamanhos e está se tornando escala para vôos sobre o pólo sul para a Austrália e Nova Zelândia. Pelo jeito o fim do mundo da ficando cada vez mais perto.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Torres del Paine


Quem gosta de viajar por estradas de terra cheia de pedregulhos, com muitas curvas, subidas e descidas, passando em meio a fazendas e tendo que tomar cuidado para não atropelar animais silvestres, pode experimentar alugar um carro em El Calafate na Argentina, atravessar a Cordilheira em Cerro Castillo e visitar no Chile o Parque Nacional de Torres del Paine.
O forte da região é sua beleza natural: montanhas com picos nevados e enormes formações de pedra cuja forma se assemelham a torres e que apresentam varias faixas de cores a mostrar sua estrutura de formação geológica. Uma imagem natural que enche os olhos. Neste ambiente natural os programas concentram-se em caminhadas por diversas trilhas para buscar as melhores vistas das próprias “torres” e também dos lagos cujas águas refletem inúmeras cores deslumbrantes, alem da graça de suas pequenas cachoeiras. Uma câmera fotográfica é um instrumento indispensável nestes passeios.
Não recomendamos o que fizemos: alugar um carro pequeno (corsa) e viajar pelas estradas de lá, todas bem feitas, porem com muita pedra e desníveis fazendo o auto bater a todo momento no chão. Para viajar por ali é necessário um auto mais alto, tipo turismo rural, pois as distâncias para realizar os passeios e excursões são de trinta a quarenta quilômetros dentro da reserva natural.
Como não permitem a construção de postos de gasolina dentro da área o jeito foi se virar no mercado paralelo (informado pelo pessoal da administração) e pagar três vezes o preço do praticado na Argentina. Visitar Torres del Paine guarda mais emoções do que as reveladas por sua beleza natural.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

PATAGONIA ARGENTINA ( EL CALAFATE )


Se quer conhecer a Argentina na parte abaixo de Bariloche prepare-se para viajar muito. Vai encontrar muitas surpresas agradáveis. El Calafate é uma cidade plantada em pleno deserto patagônico, um projeto pensado para ser a base de apoio turístico para quem deseja conhecer lagos e geleiras: as maravilhas da região, que são muitas.
Para ir até lá é necessário, a partir de Buenos Aires, percorrer três mil quilômetros de estradas ou de avião. A cidade situa-se ao lado de um lago (Lago Argentino) que no verão tem uma cor que transita entre verde e azul turquesa, de onde se avista, ao longe, as Cordilheiras dos Andes com alguns picos nevados. É uma cidade de aproximadamente dez mil habitantes, bastante animada, com diversos e bons restaurantes, muitos hotéis modernos e um comercio variado, o que inclui até um cassino novo.
Fica no departamento de Santa Cruz que é a área onde a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, tem base política, casa e familiares; o que talvez explique a qualidade das estradas próximas, de um asfalto impecable a rasgar o deserto. Dirige-se por estas rutas como se estivéssemos sós e de repente surgem diante dos nossos olhos ou cruzando a pista, diversos bichos ainda em ambiente livre ou em enormes fazendas que margeiam as vias: nhandus, lebres, guanacos, ovelhas, raposas, caranchos e gaviões. Ocorre também, de vez em quando, sermos ultrapassados por herdeiros de Juan Manuel Fangio em suas maquinas voadoras. Como os argentinos gostam de correr, né?!
De El Calafate parte-se de carro ou em ônibus para realizar magníficos passeios. Este nos levam até os portos onde tomam-se barcos (grandes catamarãs) que navegam tranqüilos pelos lagos a passear em meio a pequenos e grandes icebergs que recentemente se desprenderam de alguma geleira próxima. Navegam pelos lagos ate as áreas onde estão as grandes formações de gelo. A visão destes enormes glaciares - blocos de gelo que vão se formando ao longo dos anos pelo acumulo e compactação de neves e que tomam as mais variadas formas – é realmente deslumbrante. Caminhar sobre eles é uma bela experiência. Em um dia de Sol aberto, do alto do convés de um barco, sente-se o ar frio a bater no rosto que se espanta com a beleza exuberante da natureza e seus vários azuis refletidos nos gelos.
El Calafate é coisa séria que combina conforto e natureza para passeios de barco, caminhadas a pé ou a cavalo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Pato a Porteña


A travessia tranqüila do Rio da Prata no super confortável catamarã da empresa “buquebus” reserva aos passageiros boas surpresas, desde a partida da pequena Colônia do Sacramento, com a vista do seu casario colonial, até a exuberante imagem da chegada a Buenos Aires.
A capital da Argentina mostra-se majestosa em seus inumeráveis edifícios modernos ao longo do Puerto Madero. O desenho é de uma grande metrópole que convida quem chega a caminhar por alguma coisa que deve ser grandiosa e merece ser conhecida.
Ao descermos no porto encontramos um sistema que se assemelha ao de um aeroporto, o barco se aproximando de um píer com finger permitindo aos viajantes chegar facilmente a área aonde as bagagens são entregues através de esteiras rolantes; em poucos minutos estávamos na rua. Aí o de sempre, ou seja, a abordagem para oferecimento de táxis. Como somos experientes recusamos e nos dirigimos ao ponto em frente ao terminal, tudo conforme o figurino, um carro mais ou menos meia boca, mas pelo menos com ar condicionado ligado. Rapidamente levou-nos ao hotel mesmo tendo de passar por um congestionamento de caminhões. Sem problema não reclamou da nota de cinqüenta pesos com que pagamos a corrida.
Fomos logo almoçar pois a fome começava já a apertar o estomago. Não chegava a ser uma comida a altura da tradição do país mas quebrou o galho.
Ao sairmos do restaurante lembrei-me que precisava passar numa farmácia para comprar rinosoro, sabe como é mania né Zé.
Ao pagar a conta com uma cédula de vinte pesos a caixa me disse: - –É falsa.
-Como?
-É falsa.
Caiu a ficha: a nota que o taxista deu-nos de troco era falsa.
Beleza, o cara pensa que tá ligado e acabou experimetando um belo pato a moda argentina…