quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Colonia


Uma pequena cidade ao sul do Uruguai tem muita historia para contar. A começar por sua fundação ter sido realizada a mando da Coroa Portuguesa pelo governador do Rio de Janeiro Dom Manuel Lobo. A estratégia dos portugueses era controlar o acesso ao continente sul-americano pelo Rio da Prata. De um lado do rio os espanhóis em Buenos Aires, do outro lado os portugueses em Colônia do Santíssimo Sacramento. Assim a pequena vila fortificada esteve sempre “ensanduichada” entre o Império Espanhol e o Império Português. Nesta época rolava contrabando de escravos, prata, couro e tudo o mais. E a política das metrópoles tentava controlar o comercio e extrair impostos.
Durante o período colonial a vila, por vários períodos, esteve em mãos de espanhóis e depois retornava as mãos dos portugueses, área de permanente conflito entre os impérios. Suas historias assim sendo são de lutas, naufrágios, ataques e defesas. O seu povoamento se dá a partir dos “brasileiros” e de posteriores migrações forçadas: colonos açorianos, escravos negros, e judeus “convertidos” em “cristãos-novos”, alem naturalmente de indígenas.
Para nós, é inevitável a comparação com Paraty, pelo estilo arquitetônico, o desenho da vila, o traçado das ruas e sua forma de calçamento. A diferença é que ao estilo português se mistura o espanhol, `as casas de pedra se juntam as de tijolos. Este fato se deve a que a vila ora ficava sob domínio de um império ora do outro; ora Avis, ora Castela.
Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade da UNESCO desde 1995, fundada em 1680 com o nome de Colônia do Santíssimo Sacramento, a cidade de Colônia é cheia de graça e charme. Ao anoitecer começa-se a ouvir o batuque do Candombe tocado pelas ruas, ao modo de um pequeno bloco de carnaval que passeia pelas ruelas da cidade histórica. O ritmo do candombe é originário dos escravos africanos e sua batida ritmada combina com esses dias que antecedem o carnaval.
Devido a proximidade com Buenos Aires, apenas uma hora de barco, o Buquebus traz todos os dias muitas pessoas para passear por estas bandas. Também vem muitos turistas de Punta del Leste e Montevideo passar apenas o dia em Colônia.
Desta maneira o ritmo da vila é quase baiano: de manhã as coisas abrem as dez e meia, horário do primeiro barco que chega; da uma as três é a hora da “siesta” e depois trabalha-se até as seis porque ninguém é de ferro. O resto é para beber e relaxar…

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ribeirão da Ilha


Uma das coisas boas que por vezes nos acontecem durante as viagens é quando de repente uma agradável surpresa ocorre. Pois foi o que nos reservou Florianópolis nesta segunda-feira de dia encoberto parecendo esperar pela entrada do vento sul: a descoberta de um recanto.
Fomos ao sul da ilha e ao chegar uma placa avisava, FREGUESIA DE RIBEIRAO DA ILHA, e já por sua linguagem nos revelava tratar-se de um recanto remontado a influencia lusitana, mais precisamente, açoriana.
Que encanto de lugar! Sentimos que estávamos a viajar pelo tempo passado ao percorremos uma rua toda de pequenas casas térreas, pintadas de cores vivas, com janelões emoldurados por pedras ou relevos e com grandes portas. Como convinha a época colonial, uma igreja voltada para o mar foi construída sobre um pequeno outeiro. Diante dela uma praça onde ainda hoje, se pode ler na parede de uma casa: 1806, portanto as vésperas da vinda família real para o Brasil Colônia.
O recanto nos sugere uma idéia de como aquela gente, em sua maioria agricultores e pescadores, teria ocupado a Ilha de Santa Catarina, nos fazendo imaginar como seria Floripa antes da enorme expansão imobiliária atual.
Neste lugar de enorme charme pode-se também saborear ostras e mariscos cultivados ali mesmo, alguns pelos próprios donos dos restaurantes, como o do restaurante Freguesia das Ostras, cuja sala simples nos oferece de ambiente a vista do mar e do continente.
No sul da ilha de Florianópolis ha um recanto cheio de encanto enquanto ainda ha de quem dele cuide.