terça-feira, 13 de junho de 2006

Paris Turista Sofre


Como turista sofre! Fala-se que Paris e arredores somam hoje aproximadamente dez milhões de habitantes. Os guias turísticos informam que cerca de setenta milhões de pessoas passam pela cidade durante o ano, donde se conclui que na alta estação há dias que a cidade dobra seu contingente humano.
Como turista sofre! Se um visitante recém chegado à cidade resolver subir a torre Eiffel, pode-se preparar para encarar uma fila de uma hora para pegar o plano inclinado para subir ao segundo nível da torre e lá mais uns cinqüenta minutos para ir de elevador até o topo. Lá de cima, com dia claro, tem-se uma visão completa de toda Paris, claro, acompanhados das torcidas de vários países, que entre suspiros e fotos expressam todas suas emoções.
Ah! Como é agradável sentar-se num café e apreciar o movimento! Ir ao Marais ou ao Quartier Latin, espaço contado em prosa e versos, freqüentado por Sartre, Simone de Beauvoir e tantos intelectuais e artistas. Apenas um detalhe! Haja bares e cafés, com seus toldos vermelhos, cadeiras de palhinha, mesinhas redondas com tampo de mármore, para receber as pessoas que tiveram a mesma idéia. Por que não ir então ao Museu de Orangerie para ver as obras de pintores impressionistas? Que surpresa, outra filinha de uma hora de espera ao ar livre.
A impressão que se tem é que Paris está ultrapassando seus limites e capacidades. Em toda cidade o estacionamento de automóveis nas ruas é pago, já há muitos anos, e como os prédios não possuem garagens e não permitem o estacionamento encima das calçadas como em certas cidades mais descontraídas, observa-se um paradoxo: como os carros estacionam se jamais encontram vagas para estacionar?
A cidade possui uma invejável rede de Metrô articulada a um eficiente sistema de linhas de ônibus, mas não é fácil encontrar lugares para sentar e durante o dia, como o congestionamento permanente, leva-se horas dentro de ônibus em geral lotados. Parece que a cidade está chegando perto do seu limite.
Cresce o número de novos edifícios comerciais altos e os edifícios residenciais novos, embora respeitem o gabarito de seis ou sete andares, dão um jeito de por mais um ou dois andares mediante a redução do pé direito, coisa de arquiteto contemporâneo.
Conclusão: avisem todo mundo que não é mais para visitar Paris. Ta?

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