segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Montevideo


Cidades que já tiveram seus momentos de glória, após passarem por períodos prolongados de crises políticas e econômicas, com ou sem guerras, apresentam cicatrizes e mostram as marcas do apogeu e do declínio. Os prédios construídos nos bons tempos que embelezavam suas ruas e praças mostram-se decadentes, caindo aos pedaços. O centro histórico que fora orgulho da cidade fica deserto nos fins de semana a abrigar miseráveis e mendigos a pedir esmolas a turistas e eventuais passantes. Muitas cidades do mundo conviveram e convivem com esta difícil realidade.
Porém, o tempo não para, as famílias passam a vender o que possuíam, a leiloar seus bens, suas obras de arte e até objetos pessoais, como fotografias e correspondências antigas. Passam a vender de tudo para tentar escapar a miséria. É o que encontramos nos antiquários, nos mercados das pulgas, nos brechós, nos alfarrabistas, nos sebos, a venderem todo tipo de objeto que significavam valor no passado e por diversos caminhos chegaram as ruas como a sinalizar que novos tempos virão, que é necessário restaurar as diversas construções antigas, dar-lhes novos usos.
Os bares, os restaurantes, as mesas nas ruas, os músicos, as festas populares, os vendedores de bugigangas, os turistas com suas inúmeras câmeras fotográficas a fazer perguntas singelas sobre tudo o que vêem aparecem em todas as cidades e através da vida noturna os centros ganham nova vida. Ou seja: a solução do problemas das grandes cidades está no lazer e na boemia.
O que isso tem a ver com Montevidéu? Tudo.
É uma daquelas cidades que quanto mais você caminha por ela mais detalhes dela lhe são revelados. Uma cidade com tradição e vida próprias, com orgulho de si mesma.
Ao mesmo tempo moderna com belos parques e bairros, com um centro comercial agitado, ao mesmo tempo antiga, com seus edifícios históricos, seus cantos e encantos, e com livrarias que são um misto de biblioteca e lugar de leitura, onde se pode comprar livros. Há alguns volumes que se pensa perguntar se estão a venda ou são apenas para consulta.
Alem disso o Carnaval em Montevidéu dura quarenta dias a partir do final de janeiro, com muita murga (música satírica apresentada por grupos fantasiados) e candombe (batuques afro-uruguaios que percorrem as ruas) e, se não bastasse, eles querem para si a gloria de terem sido os inventores do tango.
“Volte sempre” faz sentido quando se refere a Montevidéu, pois fica no viajante aquela vontade de continuar a caminhar por suas ruas, pelo porto, pela rambla a beira rio, e se gostares de mate, senta e toma que não estarás sozinho.

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