segunda-feira, 17 de julho de 2006

Nas asas da VARIG

A Varig já foi grande no nosso imaginário, dizíamos que ela tinha o melhor serviço de bordo do mundo, em um tempo romântico, quando viagens de avião não eram coisas corriqueiras. As famílias iam se despedir daqueles que tinham a coragem de viajar de avião ou então recebe-los com festa, quando voltavam de longas estadias fora de casa. Subir as escadas que levavam ao aparelho, parar em seu cimo, voltar-se para um adeus de lenço branco na mão, fazia parte do ritual das personalidades fotografadas para as revistas. Era um acontecimento que herdara as emoções das viagens de navios a vapor que levavam as famílias aos portos para grandes despedidas. Quantas lágrimas, juras de cartas nem sempre cumpridas.
A cada nova rota inaugurada pela Varig eram criados jingles e filmetes para a televisão, todos uma atração, que terminavam invariavelmente com o famoso Varig, Varig, Varig…
Num dos de maior sucesso, na cadência do fado se cantarolava: “Seu Cabral vinha navegando, quando alguém logo foi gritando: terra à vista. Foi descoberto o Brasil. E a turma toda falava, bem-vindo seu Cabral. Mas, Cabral sentiu no peito, uma saudade sem jeito. Vou voltar para Portugal, quero ir pela Varig. Varig, Varig, Varig…”
Porém os tempos são outros e quando se possui um bilhete de volta para casa de uma companhia aérea que passa por um processo de “recuperação judicial”, a gente, naturalmente, passa a prestar mais atenção ao noticiário sobre esta empresa. Quais os próximos vôos que serão cancelados? Os resultados das assembléias de trabalhadores e se vai haver leilão, ou não. Se haverá combustível para a próxima semana; enfim, coisas do gênero.
Na avenida Champs Elisée, 38, primeiro andar, fica a sede da Varig em Paris. Noutros tempos os refugiados políticos, ansiosos por notícias do Brasil, acorriam à sede da Varig para ler jornais e revistas amanhecidos. Na época, ainda não havia Internet e as ligações telefônicas poderiam estar censuradas. Hoje, não há mais jornais brasileiros para ler, porque os vôos que fazem a linha Rio-Paris foram cancelados até o dia 18 de julho. O ambiente na sala é de uma calma silenciosa. Poucas pessoas aguardando e apenas duas zelosas funcionárias realizando o atendimento e explicando que por enquanto nenhum passageiro deixou de viajar para o Brasil. Tão simples quanto o seguinte: - É bom o Sr. chegar mais ou menos ao meio dia (o horário do vôo previsto para as 22:30h.) porque os passageiros de Paris, estão sendo transferidos para Frankfurt ou Londres e dependem de lugares nos vôos da Lufthansa para a Alemanha e de uma outra empresa regional para a Inglaterra e também de lugares nos vôos para o Brasil. “Eles” ainda não cancelaram os horários após o dia 18, então tudo pode acontecer. Nós estamos com poucas informações e elas mudam a todo momento é bom ligar para o call center, mas lembre-se que depois da 18h. não atendem mais. Mas não é, que estou com uma saudade enorme da Varig,Varig, Varig…

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