quarta-feira, 12 de julho de 2006

Grande Zizou


O monumental estádio olímpico, construído pelo III Reich em 1934/36, esperava colorir-se de vermelho, amarelo e preto junto com o verde e amarelo. Alemanha e Brasil : a final dos sonhos dos cartolas da FIFA. Tudo arranjado para o encontro futebolístico do século XXI, com os dois melhores times do mundo. Porém, de repente, pintou a possibilidade do jogo final ser entre a Alemanha e a Inglaterra, ou ainda pior: entre a Alemanha e a França, com direito a Marselhesa e tudo mais. Ia ser meio esquisito, poderia sugerir lembranças inconvenientes.
A sabedoria e o capricho dos deuses da bola quis que o Olimpianstadium se vestisse todo de azul, não aquele da América do Sul, mas o da Azurra contra os Les Bleus. Pode um time com Buffon e Grosso e outro com Barthez e Zizou? Pode. Que ganhe o melhor, ou que se dane (será que eu ouvi Zidane?).
Em Paris, a Avenue Champs Elisée acolhia uma imensidão de gente, muitos com os rostos pintados com azul, branco e vermelho. Havia outros jovens enrolados em bandeiras da Argélia. Poucos italianos com vontade de mostrar a cara. Muitos policiais. A festa toda preparada para a comemoração da vitória da França. Haveria uma festa de gala para a despedida da melhor geração de jogadores que a França já produziu. Como convem, o “chichi”, como é chamado o Jacques Chirac estava no estádio ao lado de madame Merkel, a chanceler alemã. Tudo preparado para o sucesso de mais um impecável evento promovido pela FIFA.
Zinedine Zidane, o craque da copa, o melhor jogador francês de todos os tempos, já estava de saco cheio. Era o segundo tempo da prorrogação do jogo decisivo, em que ele tinha feito um gol de penalty fajuto (de “arbitragem generosa”, como dizem os franceses, ou cavados, como dizemos nós). Afinal ele já tinha ganhado do Brasil, dando um show, com direito a chapéu encima do Ronaldo fenômeno e em não sei mais em quem. O jogo com a Itália estava duro de assistir, quanto mais de jogar, e pelo jeito a copa ia ser decidida novamente nos penalties, um saco. Aí vem aquele cara falar mal da irmã. Não deu outra, como em toda sua vida, ele nunca foi cara de deixar barato, ele partiu pra cima. A idéia era arrebentar o nariz do sem-vergonha que faltou ao respeito, fazer sangrar, mas o cara deu sorte e fez a cena. O babaca não encarou, preferiu se jogar no chão e chamar o juiz.
Na televisão francesa, o Galvão Bueno daqui dizia: Não Zizou, hoje não Zizou, é o dia da sua despedida, você ainda pode ser campeão, hoje não Zizou, daqui a pouco vai ter a cobrança de penalties. Hoje não Zizou…
E sem ele a França perdeu. No dia seguinte, o l’Equipe, o jornal de esportes da França, que havia nos dias anteriores faturado encima dele, não estampava mais sua foto em primeira página e em seu editorial já o chamava de Geni. Como na ópera do malandro: “joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é feita pra cuspir”. Como alguém, que tinha recebido tanto carinho da torcida, podia agir daquela maneira? Que mau exemplo para as crianças do mundo inteiro, que estavam assistindo àquele jogo. Como explicar para seus 4 filhos, tal atitude? Que traição aos companheiros em momento tão importante (sic).
Com quais companheiros alinhar Zidane? Com Puskas? Didi? Garrincha? Pelé? Euzébio? Gérson? Beckenbauer? Maradona? Ronaldo????? Com Quem?

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